De corpo nu, eu me vejo

De corpo nu, eu me vejo

Daqui eu me vejo. Mergulhei profundo em mim. Me despindo de camadas densas, encontrei enfim com o meu corpo de mulher. Corpo latente que vibra, que sangra, que cuida, cura, geme, corpo que já gestou, já pariu, e jorrou leite. Corpo que dança, se movimenta no espaço, brinca, improvisa, expressa, corpo vivo que cria aqui e agora. De corpo nu, eu me vejo.

Meu corpo fala... se comunica a todo instante. É preciso aquietar, e é aqui no silêncio que eu me encontro com o meu SENTIR.

Me sinto lúcida e consciente das energias que me atravessam, escolho me enraizar nos princípios de quem sou quando a verdade pulsa de dentro.

Como eu escolho me criar? Como eu escolho me compor?
Camada tecido que me veste, reveste meu corpo, minha casa, meu altar espiritual interno. Meu cuidado comigo mesma reside nos detalhes, nas minhas escolhas conscientes.

Honrar minha caminhada até aqui é respeitar o meu corpo. Não me ajusto mais para caber. Dançando vou atualizando quem sou. Dançando, vou me limpando, me recriando, me deixando ser afetada por emoções que me atravessam ainda sem nome. Descanso nos movimentos, me delicio na amplitude, desato os nós, alargo as medidas, solto os cabelos, respiro pelos poros.

Me deixando ser guiada pela natureza, em mim, exploro suas infinitas formas. Inspirada pelo que me faz sonhar profundo, me integro ao que é vivo. Questiono o tempo. Alquimizo elementos, eternizo intentos.

Na busca pela expressão da minha feminilidade repleta de autenticidade, eu me visto. Visto para me revelar. Visto para me reconhecer. Visto para me empoderar.
Vivência Corpo Raiz de Raíssa Scarton. Vale do Capão, Bahia - Brasil
Performer: Karen Richa / Fotos: Paz da Mata / Texto: Karen Richa
 
         
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